segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os cursos de água portuenses


Ao folhear um Jornal de Notícias, deparei-me com um artigo sobre a nossa bela cidade Invicta.
A verdade é que não deixei de gostar de escrever sobre o Porto e ao ler aquelas páginas senti-me nostálgica e com imensa vontade de fazer as pazes com esta página.
Assim sendo, decidi partilhar convosco o que descobri sobre os antigos rios que circulavam pelo centro do Porto. Não deixaram de existir, mas simplesmente de circular a céu aberto para se movimentarem por canos subterrâneos. Esta alteração verificou-se em prol do desenvolvimento citadino, acontecimento comum e recorrente nas mais variadas metrópoles.

As ribeiras do Grande Porto - aqui
O Rio Frio e o Rio da Vila, estão representados no fundo da imagem,
 a cor de pele e azul turquesa, respectivamente


Quando se fala dos cursos de água da Invicta é inevitável falar do Rio Frio e do Rio da Vila que abasteciam a baixa portuense e que hoje circulam debaixo dos nossos pés, nos percursos quotidianos. 
O Rio Frio, ou Rio do Carregal, deve o seu segundo nome às plantas que nasciam nas suas margens - Carregas - características de terrenos pantanosos. O rio nasce na actual Rua da Torrinha (zona próxima da Maternidade Júlio Dinis), passa pelo Jardim do Carregal, pelo Santo António e vai, sempre em canos, até às praias de Miragaia, desaguando no local onde foi construída a Alfândega Nova. 

Jardim do Carregal ou Jardim de Carrilho Videira, próximo do Hospital Santo António
imagem daqui
Este rio abasteceu a Fonte das Virtudes (que já mencionei aqui no blog), construída em 1619, esplendorosa no seu tempo, mas chegando aos dias de hoje mal conservada. Outrora podia ler-se, inscrito na pedra,  a seguinte mensagem: “(...) aqui flui a fonte dita das Virtudes: quem tiver sede já pode beber sem receio. Estas águas nasciam de uns penedos cavernosos, e andavam por aqui perdidas em charcos imundos e sombrios. A Câmara Municipal as expôs como vedes, fazendo esta majestosa fábrica e, para lhe dar maior realce, abriu esta estrada e fez estes assentos no ano de 1619” O Tripeiro Série V, Ano XV. (retirei este texto deste maravilhoso blog). A estrada mencionada é o Passeio das Virtudes que, ao longo da história, teve diferente papéis para a populações que o conheceram.

imagem do Rio Frio - daqui

Já o Rio da Vila (ou Rio da Cividade) resulta da junção de dois cursos de água no subsolo da Praça Almeida Garrett (em frente à Igreja de Santo António dos Congregados, perto de São Bento). O primeiro origina-se na actual Praça Marquês de Pombal e desce pela Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade, o segundo origina-se na zona da Fontinha, desce pelo Bolhão e percorre a actual Rua de Sá da Bandeira. Todos estes cursos de água foram importantes para a população, enquanto circularam a céu aberto, abastecendo hortas e lavadouros. Infelizmente, também serviu para os mais variados tipos de despejo, tornando-se um rio sujo e pouco recomendável. Com a construção da muralha fernandina no século XIV, os dois ribeiros foram encanados e o rio adoptou, brevemente, o nome de Rio dos Carros, devido à proximidade da Porta dos Carros da referida muralha. No século XVIII, com a construção da Rua de S. João e no século XIX com a construção da Rua Mouzinho da Silveira, o rio deixou de correr a céu aberto para circular no subsolo até aos dias de hoje.
Como seria de esperar, o Rio da Vila desagua no Douro, após percorrer a Rua Mouzinho da Silveira, e a sua terminação é, ainda hoje, um lugar de muita afluência das famosas taínhas.


Esta igreja que se pode ver ao lado da Rua Sá da Bandeira,
ficava, outrora, em frente à Porta dos Carros da Muralha Fernandina
Praça Almeida Garret num postal (antes da construção da
Estação de São Bento) - daqui

Apesar de circularem fora da nossa vista, estes cursos de águas não devem ser esquecidos. Em Outubro do ano passado, o Rio da Vila,  deu de si, devido às chuvas constantes e provocou uma deslocação de pedras na Rua Mouzinho da Silveira, que teve de ser encerrada ao trânsito. Talvez para avisar os cidadãos incautos da sua presença, outrora importante para o desenvolvimento da cidade que hoje conhecemos.

Termino por aqui e desejo um bom dia para todos vocês!

Fontes:
CMP - aqui
Porto, de Agostinho Rebelo da Costa até aos nossos dias - aqui e ali
Jornal de Notícias - aqui 
Porto 24 - aqui

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

As minhas viagens de Verão - Chaves (parte 1)

Chaves
Situada em Trás-dos-Montes, Chaves é uma cidade que conserva vestígios das várias épocas da sua longa história. Vêem-se castros, pontes romanas e torres medievais que embelezam e enriquecem toda a cidade. Para mim, ir a Chaves significou (entre outras coisas) apaixonar-me pelo Tâmega, pela paisagem colorida que o rodeia durante o dia e pelos reflexos que proporciona quando o sol se põe. É uma cidade que espero revisitar devido à sua calma característica de cidade do interior e à sua inegável beleza.

O Rio Tâmega
O rio em todo o seu esplendor

Uma das pontes que atravessa o Tâmega 
Em Chaves é possível encontrar diversos vestígios da presença dos Romanos. O mais óbvio será, certamente, a ponte Romana que atravessa o Tâmega e que se mantém de pé até aos dias de hoje. Gostava de ter tirado fotos desta ponte à noite, porque, nessa altura, todos os arcos e luzes da cidade ficam perfeitamente reflectidos no leito calmo do rio. 

Ponte Romana  ou Ponte de Trajano- daqui
Coluna da ponte Romana
Além das típicas pontes, o rio Tâmega pode ser atravessado através de um conjunto de pedras empilhadas chamadas Poldras. Não se conhece a data de construção desta travessia, mas há quem acredite que se trata de uma construção milenar anterior à construção de pontes como hoje as conhecemos. Atravessá-las é uma experiência engraçada, especialmente quando o rio está cheio e parece muito, muito fundo e, às vezes, algo assustador.

Poldras



Torre de Menagem
Nos tempos da reconquista cristã, edificou-se um Castelo e as respectivas muralhas com o intuito de proteger a cidade e a sua população. Hoje em dia, já só restam a Torre de Menagem e uma pequena parte  de um muralha posterior. Ao longo dos pisos da torre estão expostas armas, uniformes, bandeiras, etc, que constituem o Museu Militar do Castelo de Chaves. Por fim, o topo da torre oferece aos seus visitantes uma ampla vista sobre toda a cidade de Chaves.


A torre vista de baixo


A igreja de Santa Maria Maior vista do cimo da Torre
Vista da Torre de Menagem
Jardim que rodeia a Torre de Menagem (possui uma pequena muralha do século XVII)
Inscrições na Torre de Menagem

Forte de S. Francisco e Forte de São Neutel

Aquando da Guerra da Restauração foram construídos dois fortes na cidade de Chaves: O Forte de São Neutel e o Forte de São Francisco. Outrora, serviram para defender a cidade da sua fronteira com a  Galiza e, hoje em dia, são usados com outros intuitos. O Forte de São Francisco é usado como hotel e o Forte de São Neutel contém um anfiteatro. Ambos mantém, ainda, uma capela no seu interior.

A foto não faz juz à verdadeira essência do Forte...
Mas fica aqui a entrada do Forte/Hotel

O forte inserido no atual ambiente citadino
Mais fotos: http://www.fortesaofrancisco.com/galeria.htm

Tenho tantas fotos para partilhar que preferi dividir este post em dois. A segunda parte será publicada brevemente, espero que gostem!